Olho no calendário na parede da cozinha e vejo as marcas nele. Com círculos em algumas datas marquei dias que vivi. O dia em que a suculenta deu flor pela primeira vez. Se bem, que alguns ficarão na memória para sempre. Estão marcadas as trocas do gás — foram 6 ao longo do ano. O dia da super lua, do eclipse e do aniversário do Chiquinho.
Parece que foi ontem que janeiro começou e tudo que eu queria era renovar a esperança. E já é dezembro de novo. E quais os planos que fiz e não cheguei a cumprir? Eu pedi e desejei saúde, dias felizes, mais amor, respeito… E não dá para não rir das frases clichês. Nem ouso fazer promessas… Elas ficam suspensas em meses adiados. Percebi isso assim que me tornei adulta.
Eu lembro dos trabalhos que fiz… Dos que tive de interromper por algum motivo e da saudade sentida dos que foram.
Quando eu trocar a folhinha velha pela nova, o ano de 2022 será passado e não posso dizer que sentirei saudades. Que ano estarei abandonando quando 31 de dezembro cerrar o dia?
Só me lembrarei dos banhos na chuva, do ipê que floriu cinco vezes nesse ano e das brincadeiras com os sobrinhos.
Um dia se intercala no outro e, de repente, será um ano novo, com suas nuances de velho, de antigo, de lembranças. Mas ainda restam alguns dias para viver — antes de abandonar esse 2022 de caos e esperar pelo 2023 com a esperança renovada.
Antes, irei ali… onde me chamaram para brincar de amarelinha e eu aceitei a brincadeira no ato e tenho uma pedra em mãos. Vem comigo? E traga uma pedra e muita disposição.
Mariana Gouveia... pessoa adoradora de lua, borboletas e joaninhas. É dona de um beija-flor chamado Chiquinho que em algumas noites dorme em suas mãos. É a humana de Lolla e Yoshi, os cães que domaram seu coração para além dos voos. Sonha com os pés no chão. É marítima sem nunca ter conhecido o mar. É de rio e de terra. Do ar e do vento…Tem horas que pensa que é apenas uma, mas acontece que dentro dela moram várias…