Três poemas de Suzana Martins

Olá leitor e leitora,

Esta será uma semana poética aqui no blogue. Eu convite as Poetas da Scenarium para selecionar versos dos livros por nós publicados. Serão 3 poemas por dia… e começamos hoje, porque segunda-feira é o famoso e inspirador dia da lua…

Nirlei Maria Oliveira — autora de Palavr(Ar) –, escolheu o bélissimo livro (in)versos… de Suzana Martins e após folhear cada uma das páginas do livro, escolheu os poemas abaixo:

Boa leitura!

Menina de asas

Eu ansiava voar
como os pássaros
na imensidão do céu.
Imitei voos livres
que pareciam asas de águia
tatuadas em minhas costas
como uma simples farpa
na existência da liberdade
cravada em mim.

Sem penas e asas,
exalando coragem,
celebrei um voar silente
naquele céu atrevido e livre.

Tão sentidas as minhas asas,
que em um suspiro
lânguido e sereno
desperta palavras soltas
escritas em meus beirais.
Magnetismo liberto
no infinito azul.

Em um voar sublime,
trocam-se as asas
pelas palavras
e o que era tatuagem,
hoje são versos
que sobrevoam o papel.

Com a liberdade passeando dentro de mim
mesmo estando longe do céu,
aprendi com as palavras
o que eu não consegui com as asas: voar!

Testamento

Deixo as minhas letras embaçadas
o meu coração pulsando
e todas as memórias
de outono que escrevi
no litoral.

Ps.:
Não esqueça o potinho
de mar, água, areia e sal
que deixei na gaveta da estante.

Lá longe,
onde sol se põe,
ficam as minhas asas
adormecidas, intactas,
quase cansadas
esperando as palavras
e os versos
de um dia de outono.

Ali, onde o sol dorme
ensaio voos,
ajusto as nuvens,
desafio o canto
e sigo alto
para rasgar
o medo que
habita em mim.

Te amei à meia-noite
no escuro
no silencioso suspiro.

Te amei nas flores,
no toque sensível
no desejo infinito.

Te amei nas lembranças
à beira mar
no eclipse da lua
e nos labirintos
dos desejos
provocados por nós.

Te amei na areia
no mar, amar
na rua,
a todo instante
fui tua.

Toque

A tua palavra arrepia
a minha derme
e pulsa o querer
das nuances pretéritas
de tua geografia.

O toque suave
dos teus lábios adormece
em minha boca
o querer profundo
da tua atmosfera.

O teu céu
é um poema
de constelações absurdas
e um expoente
de amor sem fim.

O teu toque
é o meu arrepio,
o teu beijo
é o meu verso
sem rima
abraçado ao
teu poema
que pulsa na
ponta do sentir.

Conjugo o amor
no teu verbo
no teu sexo
na tua graça
na tua boca
nua e quente.

Falo de amor
com o teu beijo
com o teu toque
sem pressa,
na fluidez
do arrepio
sinto o pulsar
na derme.

Conjugo o amor
na tua boca
na tua pele
no teu sexo
que exala
em mim.

Você e eu,
frente e verso.

Avesso e inverso.

Você e eu
frente a frente
boca a boca
sexo a sexo
amor e desejo.

Você e eu,
frente e verso,
no avesso dos ponteiros,
em busca do amor
que escorre na boca
entre os dedos
no pulsar da pele
no arrepio do sentir.

Você e eu:
na ardência do desejo
à frente, ao avesso
ao reverso…

Você. Eu.
Frente. Verso.
Sexo. Desejo.
Amor. Vontade.
Pulsar. Gozo.
Querer. Arrepio.
Amar…

Você e eu
prazer!