A costura japonesa…

Quando decidi pelo formato artesanal de publicação… pesquisei os diferentes tipos existentes de encadernação e fui experimentando os que me interessavam. O resultado, no entanto, não me agradava… até me deparar com o processo japonês-oriental que se diferencia por não usar cola. Todo o processo da costura dos cadernos é feita através de amarração.

Podemos usar fios ou barbantes… E depois de experimentar todo o tipo de linha e fios, optei por fitas de cetim — sugestão feita pela atendente do bazar Ana Maria, em Moema.

Ao contrário dos outros processos de encadernação… a costura oriental permite que todas as folhas fiquem soltas por se tratar de um processo de amarração. Mas eu optei por criar cadernos composto por 04 folhas de tamanho A4 dobradas ao meio, unindo os cadernos que são prensado, furados e amarradas com fita.

O processo de furação após a confecção do primeiro volume de livros — reticências — composto por 06 pequenos furos, feitos com furadeira –, foi adaptado e eu passei a utilizar um furador de papel comum que produzem 04 futuros na lateral dos cadernos.

De todos os tipos existentes de costura japonesa-oriental, eu escolhi o mais simples e, levei alugm tempo para domar a Arte da costura. Me lembro que na primeira tentativa, a costura ficou solta-frágil. A simpática chinesa Yu achou graça da minha falta de jeito e tentou me motivar, dizendo que era mais fácil que pregar um botão. Eis o problema… nem isso eu sabia fazer. Nunca demonstrei afinidades com agulhas-linhas e olha que cresci rodeada por mulheres especialista em confeccionar meias, luvas e cachecol de lãs. Na casa de uma de minhas tias haviam uma máquina de costura que eu adorava espiar…

Os primeiros exemplares não ficaram bons… e eu demorei para me entender com fita e agulha, mas aconteceu. Depois eu precisei me entender com o processo criativo dos livros. Escolher o tipo de papel a usar no miolo e capas. Nos primeiros exemplares, foi tudo muito simples. Diagramava no Word e fazia a impressão em gráfica. Cheguei a testar o formato das fanzines… imprimir o modelo numa impressão caseira e fazer cópias, mas eu não gostei do resultado. Queria algo elegante, sem perder a característica do experimental e o estilo underground.

Imprimir em uma impressora caseira foi idéia do Marco que me acompanha nessa saga de experimentos.

Levou algum tempo até eu compreender as muitas possibilidades do formato: dobras e colagens. Cortes e recortes. Diferentes cores-tamanhos e tipos de papel.

Não sei quantos livros já costurei… mas, os projetos estão cada vez mais ousados, o resultado cada vez mais atraente e eu cada vez mais satisfeita com o resultado.


Cinco anos de agulhas e linhas

A Scenarium completa cinco anos nesse ano ímpar…  e eu resolvi pedir um café ali ‘entre esquinas’. Enquanto aguardava pelo meu nome “cravado no copo, em preto’ ser chamado em voz alta pela Barista… pensei os anos, os livros, as pessoas-autores e os projetos.

Não consegui saber quantos livros costurei, mas sei que foram muitos — bem mais do que eu imaginei alinhavar. Todos em edições únicas com tiragem de trinta exemplares. Houve erros e acertos… mas, ao observar todos os feitos, concluo que não faria nada de diferente.

Quem me conhece sabe que eu gosto de errar-tropeçar-cair.

Não gosto é de não tentar, mas nada tenho contra recuar o passo… respirar fundo e repensar as direções, refazer os mapas.

A Scenarium continua firme na idéia de ser um Selo Editorial artesanal independente… a procurar Autores que concatenem com nossas propostas underground-subversivas… porque somos assim.

E continuaremos nesse caminhar… a depender dos amigos-leitores para selecionar-criar-inventar-divulgar-apresentar projetos-propostas de livros que unam num mesmo espaço-tempo… leitor e autor.

A correr o risco de não ser encontrado nas superfícies mais comuns, porque desde o começo, optamos por não nos deixar acumular, empilhar em prateleiras. Gostamos e preferimos o contato mais íntimo com as mãos-olhos-pele-alma dos nossos amigos-leitores.

Também continuaremos a nos reunir em espaços contraditórios. O importante é conjugar o verbo no tempo certo. Queremos estar em boa companhia, movido a abraços-cafés-diálogos e pessoas que compreendam a nossa dança-proposta.

A Scenarium agradece a todos que nos acompanham e participam de nossos projetos, seja na condição de Autor ou Leitor…

Depois de cinco anos, temos fôlego para mais cinco…
Quem é de embarque, seja bem-vindo a bordo!

E.X.EM.P.L.O.S

de contos e poesias…

Coordenado pela nossa editora Lunna Guedes
lunnaguedes@gmail.com

A série E.X.E.M.P.L.O.S surgiu no decorrer de uma conversa arisca, na mesa da cozinha, em meio a mistura de ingredientes — trigo, ovos, leites, fermento e manteiga. Estávamos a considerar as possibilidades para as primeira fornada de livros enquanto eu preparava uma receita de pão…

Era tudo novo e inédito para nós dois… Eu pensava no tipo de papel que iria usar — optamos naquela tarde — pelo reciclado que oferecia uma textura agradável ao tato e no gênero literário: contos e poesias. Marco estava pesquisando os modelos de impressoras disponíveis no mercado brasileiro…

Optei por convidar autores com os quais convivia graças ao blogue — ferramenta usada por mim desde 2002 e que seria braço direito da Scenarium e sua produção…

O título para a primeira série de livros surgiu quando Marco pediu: “me dá um exemplo do que você pretende”. Era o que eu pretendiaa: exemplos de palavras, versos, frases inacabadas, imperfeitas, narrativas singulares.

Feito argila nas mãos, o projeto foi sendo — lentamente — moldado… e meses depois, saiu a primeira fornada de poesias: O lado de dentro, de Mariana Gouveia. Oliveiras Blues, de Akira Yamasaki. Caminhos Tortos, de Manoel Gonçalves, o Manogon e Perfumes & Palavras, de Ingrid Caldas…