Lançamento  |  Agenda artesanal 2023

Olá,

Eu disse que Novembro tinha novidades! E a de hoje é a nossa Agenda Artesanal 2023…

O projeto ficou um luxo — muito mais elegante e bonito que do ano anterior, que foi elogiadissimo pelos que adquiram a nossa agenda.

Nessa edição, temos prosa e poesias — dos nossos autores — nas páginas diárias e nas divisórias em verde…

Participaram desse projeto artesanal: Adriana Aneli, Flávia Côrtes, Isabel Rupaud, Ligia Carvalho, Lunna Guedes, Mariana Gouveia, Margarida Montejano, Nirlei Maria Oliveira, Obdulio Nuñes Ortega, Roseli Pedroso e Suzana Martins.

São apenas 30 (trinta) exemplares produzidos por encomeda.
O prazo para envio é 07 dias uteis após o pagamento…

R$ 85,00

Leitura comentada  | Fio de Prata

Olá,

Nesse novembro arredio, Lunna Guedes e Suzana Martins comentam o delicioso livro de contos de Margarida Montejano: Fio de Prata… no instagram da Scenarium.

O Fio de Prata reúne sete contos ilustrados pelo artista plástico Ruy Assumpção, compostos por experiências reais e imaginárias, permeadas pela fantasia que a poética da vida e da literatura ilumina. Nos contos, o leitor encontrará lampejos de memórias do universo feminino que conduzem, de forma livre, à reflexão.
Os contos do Fio de Prata, publicados pela Scenarium, livros artesanais, abordam a vida na tênue linha da existência.

👉 Anota aí, dia 18 de novembro, às 19h30

Lançamento | Senzala

R$ 35,00

Em “Senzala”, Obdulio Nuñes Ortega conta a história de horror de uma Mulher branca, herdeira de uma fazenda onde impera a escravidão e que sente atração pela inocência negra.

Enviada para a Capital após se envolver com um possível filho bastardo e negro de seu avô, Elizabeth se casa com um homem branco e afortunado de quem exige a liberdade que nega aos outros.

Ao se envolver com um pretinho, a forte narrativa de Obdulio Nuñes Ortega nos mostra as relações humanas e todo o horror, e surpreende mais uma vez ao abordar um tema que atordoa a própria ficção

Scenarium 8 | 2022

mosaicum (poesia e prosa) casa de vidro (contos) as estações (poesia)
barquinho de papel (prosa) manifesto-me (crônicas) nas nuvens (poesia e prosa)
o ano do gato (contos) em mãos (correspondência)

livro 01

Organizado por Lunna Guedes, essa edição convidou os autores a poesia e a prosa… os autores: Adriana Aneli, Nirlei Maria Oliveira, Flávia Côrtes, Obdulio Nunes Ortega, Caetano Lagrasta, Anna Carriero, Lígia Libaneo, Anna Clara de Vitto, Yara Fers, Joakim Antônio, Isabel Rupaud,Roseli Pedroso, Mariana Gouveia.

O resultado são poesias em páginas azuis e uma narrativa que se oferece enquanto trovão no azul…

livro 02

Quem conta um conto, aumenta um pouco e foi partindo dessa premissa que Lunna Guedes convidou Adriana Aneli, Carol Favret, Flávia Côrtes, Isabel Rupaud, Mariana Gouveia e Obdulio Nuñes Ortega para escrever narrativas a partir de um conto — o fio condutor de Casa de vidro, tão frágil quanto as emoções dos personagens que cicularm de conto em conto…

livro 03

Um livro de poesias que reúne 04 poetas da Scenarium Flávia Côrtes, Mariana Gouveia, Nirlei Maria Oliveira e Suzana Martins e suas estações da pele, da alma, do cuore e da alma…

livro 04

A idéia para esses cadernos de contar histórias foi uma dobradura colocada por uma criança numa poça d´água — despertando memórias. Veio o convite a prosa: Adriana Aneli, Bianca César, Isabel Rupaud, Lua Souza, Mariana Gouveia, Rozana Gastaldi Cominal e Suzana Martins aceitaram conduzir seus barquinhos de papel por esse mar de páginas…

livro 05

Lunna Guedes teceu o convite, uma crônica por semana, propondo os temas que cada autor levou na direção que quis, propiciando um olhar para muias paisagens…

Escreveram-se: Flávia Côrtes, Isabel Rupaud, Mariana Gouveia, Manoel Gonalves (Manogon), Obdulio Nuñes Ortega…

livro 06

Quando crianças, ao olhar para as nuvens, vemos desenhos de gatos, cachorros, coelhinhos, dragões… dizem que é o imaginário infantil. Mas e nós, adultos? O que vemos?

Isabel Rupaud, Lua Sousa, Mariana Gouveia, Nirlei Maria Oliveira, Rozana Gastaldi Cominal responderam com poesia e prosa…

         

livro 07

A idéia veio de Edgar Allan Poe e seu conto O gato preto que foi publicado em uma edição do Saturday Evening Post em agosto de 1843.

O conto é um estudo da psicologia da culpa…… e foi apresentado durante o encontro do Clube de Escrita da Scenarium…

Ananda Karenina, Isabel Rupaud, Lua Souza, Lunna Guedes, Mariana Gouveia, Obdulio Nuñes Ortega e Roseli Pedroso…

Sete autores, um para cada gato ou seria para cada vida?

Com ilustração de Valerie David Cats e poesias de Flávia Côrtes, Jorge Luís Borges, Patricia Highsmit, Rozana Gastaldi Cominal e Wislawa Zymborska.

livro 08

Uma troca de correspondência iniciada por Lunna Guedes… que escreveu ao vento e esperou por respostas para iniciar a aventura em linhas entre diferentes geografias, anatomias…

Responderam ao aceno: Flávia Côrtes, Mariana Gouveia, Rozana Gastaldi Cominal e Suzana Martins…

Aconteceu novembro…

Olá,

Pronto! Amanheceu Novembro e com ele, muitas novidades. Esperam que estejam preparados porque tem muitas coisas boas para fechar o ano de 2022.

Para começar… convidei alguns autores a aventurar-se comigo no #blogvember e escrever diariamente a partir de trinta temas que são versos de poemas que eu colhi dos livros publicados pela Scenarium. Ficou curioso? Acompanhe as publicações que serão feitas por Lunna Guedes, Mariana Gouveia, Obdulio Nuñes Ortega, Roseli Pedroso e Suzana Martins.

E por falar em publicações… esgotou-se a tiragem da Revista Plural e quem não adquiriu um exemplar para chamar de seu, tem que se contentar com a versão digital… que oferece os melhores textos da Cartografia das Sombras…

Para ler clique aqui…

Ah, e nesse novembro, teremos lá no instagram da Scenarium mais uma Leitura comentada por mim e pela Suzana Martins, que escolheu o livro de contos: Fio de Prata da Margarida Montejano. O nosso encontro será na sexta-feira, dia 18/11… às 19h30 — para acompanhar, acesse o nosso @scenariumlivros

E para fechar, no último sábado do mês, vamos reunir a trupe num Sarau ao vivo… aqui em São Paulo city, com mesa para os autores, bate papo e lançamentos de livros.

Mais informações em breve, mas já aproveita para reservar a data porque queremos abraços + café + livros…

Que seja Novembro e seja Feliz.
Lunna & Marco

Rua 2, o livro de contos de Obdulio Nuñes Ortega

Pelos contos da Rua 2 passeiam personagens que se conhecem-desconhecem em sentidos contrários e direções marcadas. Vida e morte se confrontam nessa via de mão dupla. Pertencem ao mesmo caminho. Têm a mesma intensidade e propósito — provarem-se a si como senhores do Mundo/Periferia paulistana — ilusão real de todos nós, ao rés do asfalto.

Olá, hoje é dia de clássico aqui na Scenarium livros artesanais! E escolhi um dos livros de contos mais procurados pelos leitores que se amarram em narrativas urbanas, que oferecem características locais, facilmente identificáveis.

Publicado no ano de 2018, o livro caiu no gosto dos leitores por abordar a rotina periférica da capital paulistana, que é uma espécie de mundo-a-parte. Um universo rico em idiomas peculiares e atitudes ousadas.

Os personagens são os mais inusitados… a maioria é de sonhadores que acalentam desejos-secretos. Alguns querem viver no Centro. Outros querem mudar de cidade-país. Alguns atravessam a ponte e vão embora sem olhar para trás. Outro vão e voltam, regressando como filhos pródigos.

Nesse jogo de casas pares e ímpares, espio o cenário de casas altas e baixas, em construção ou reforma. Avisto crianças em bando, prontas para alguma travessura e adultos indo e vindo de seus afazeres diários. São personagens-personas, a bordo de suas vivências; peças de um quebra cabeças… e todas se encaixam porque estão todas enlaçadas pelo autor — um dos moradores —, que fez de seus leitores, um mero vizinho de todas essas casas numeradas.

Não precisa tocar a campainha, nem bater palmas no portão… basta entrar e conhecer a Casa escolhida e Boa leitura!

Plural  | Solitude

Gabriela Lages Veloso

Nas folhas caídas, ao vento,
nos sons do silêncio,
na mutabilidade dos dias,
perceberás a ti mesmo.

Nas tempestades em alto-mar,
no barulho desordenado da cidade,
na solitude da multidão,
aí, sim, encontrarás o teu eu.

Perceber e encontrar a si mesmo
é um dom. Mas, enxergar o outro
como o seu próprio reflexo é
compreender o enigma da vida.

Plural  | Um dia comum

Nirlei Maria Oliveira

olho para janela e a chuva ainda persiste 
as prateleiras continuam com o seu tom cinza insosso
os livros permanecem no mesmo lugar de sempre

parecem me olhar julgar e condenar
sinto a revolta dos autores 

muitos indignados com seus poucos leitores
ou nenhum leitor ávido

outros não se conformam com as classificações
limitantes e invisíveis para o leitor

vários empoeirados e esquecidos em uma estante bem no fundo
quase ninguém vai até lá

poucos nem tão poucos assim 
perdidos para sempre

alguns felizes, mas em silêncio inveja roxa ronda as estantes

não tenho respostas para tantas questões dos autores
afinal, hoje é sexta!
melhor fechar a porta da biblioteca e ir embora

(sonho mesmo é com a Biblioteca de Babel de J.L.Borges)

Plural  | Desejos

Obdulio Nuñes Ortega

acordei om o desejo explicito de preservar
a lembrança de meu último sonho
e como acontece quase sempre
me surpreendo com a minha presença física
diante do espelho que não me revela
não foi esse que sonhei…
quem é esse sujeito que me perdeu?
mergulhei o rosto na água fria espalmada
ventos do centro seco do mundo
o desumedece  em sorriso crispado
inicio mais um dia em que a vivência sonhada
se perderá pouco a pouco
até restar a sensação de que não vivi
permanente espectro de que ainda não nasci
morte a caminho cada vez mais próxima
curiosidade que aumentada de como será
já se não é em vida porque morremos a  cada a dia
quase um anticlímax uma sombra
o momento abrupto do desenlace
traz tanto encanto dramático que o imagino
tantas vezes sendo comum feito um passarinho
que para de voar fecha os olhos e cai de lado
saio em corrente de motor à diesel
no movimento incessante do trânsito
sou carregado enclausurado em grupo de desconhecidos
competindo todos pelo espaço asfáltico
carros em profusão como se houvesse uma fonte
inesgotável de  potenciais assassinos em série
fantasio que teremos o mesmo destino imediato
a mesma curva mal feita
o atropelo dos instantes impermeáveis
ao cósmico sentido de estarmos seres imortais
e desejo de ser mais
carrego em meu bolso temas
frases escritos sentenças poemas
proseio com o meu imaginário que bebe álcool
ou outras drogas só assim para entender
de onde vem tanta ilusão
desmedida assim como o caminho
que percorro sem rumo em busca de desejos
sinónimo de esperança…
o que sonhei mesmo?

Plural  | Sobre Sobra

Manoel Gonçalves
Manogon


Sinto-me
E contemplo a vastidão
Sento-me
E reparo a devastação
Sou floresta de um homem só
Tronco decepado
De promissora plantação
Pensamento solitário
Frio, cinzento, sem folhagem
Senhor minúsculo do tempo
Sentado sobre terra
Agora plana
Sem picos e desfiladeiros
Sem planícies e planaltos
Sem poros e reentrâncias
Só bobagem
Sou peça solta
Sem pino, parafuso
Graxa e funcionalidade
Apenas engrenagem
Largada e esquecida
Sento-me sobre minha obra
Sinto-me apenas a sobra
Penso, penso
E nesse vazio
Será que existo?

Plural A cidade da minha escrita (2)

June Camargo

Dentro do peito habita cada uma das minhas palavras. Minhas e de muitas mães. Seus filhos carregam não como um adjetivo, mas um jeito todo seu de ser, o termo autista. Aos olhos do mundo o diferente, o deficiente.

Aos olhos do mundo a mãe guerreira, uma pessoa muito especial, escolhida por Deus. Nossas palavras secretas apontam em outra direção. Somos tão humanas e cheias de imperfeições e fraquezas como qualquer outra mãe ou pai de um filho neurotípico.

Mas a sociedade cria convenções arbitrárias.
Ou seria um jeito de acolher diferenças
conforme as próprias conveniências?

Bem mais simples e objetivo propagar o mito da mãe heroína do que perguntar como poderia ajudar e estender a mão. Dispor de uma fração do próprio tempo para que ela tenha algum só dela ou uma escuta amiga. Mães desejam transbordar sentimentos, dúvidas e medos em palavras. Sem esperar absolutamente nada em troca. Apenas a chance de escrever no vento perguntas que não têm resposta, ou conflitos legítimos que permanecem silenciados e invisíveis. Eles pesam bem mais do que muitos sacos de  areia. As dores que sobrevêm são resultado não de um cansaço físico que uma boa noite de sono repara. São dores da mente, da alma e do coração. Elas exigem de nós uma frequência fiel ao que chamo de cross-fit interno. É ali que palavras não ditas são processadas com sabedoria para não ferir o outro, a nós mesmas e ainda fortalecer nossos “músculos psíquicos”.

Cada palavra é traz uma amplitude de nuances muito maior do que o sentido denotativo. Enquanto observa as necessidades intrínsecas à condição dos filhos essas mães se submetem a um número de emoções e pensamentos. Raramente tomam plena consciência deles. Desde qual caminho e atitude adotar para favorecer ou evitar determinado comportamento, até se compensa expor sua verdade para um olhar que julga ambos.

É comum escolher ser indiferente. Por fora.
Uma forma de respeito e instinto de autopreservação.

A bem intencionada freira me acolheu à sua maneira. Disse pra eu ter fé e orar mais pois Deus curaria minha filha. Minha escrita precisa ser revisada internamente.

Ou amasso logo a folha e lhe enfio goela abaixo?
Respiro. Conto até doze.

Uma representante do divino bem podia trazer mais luz para o meu caminho! Recorro à conotação. A cidade dos escritos da freira comporta apenas essa verdade.

As palavras dela habitam um cômodo cuja janela contempla apenas um pequeno recorte de toda a paisagem que cerca aquela morada.

Merece respeito porque pertence a ela.
Mas não minha concordância
porque honro a minha própria verdade.

E onde está a verdade? Dentro de mim e de você e merece existir e ser respeitada. A verdade está em cada diferença que encontramos entre nossos filhos que o mundo supõe “ter a mesma coisa”.

A verdade está no fato de nós mães de filhos considerados diferentes buscarmos semelhanças entre eles e encontrarmos tanto em comum sobre nós mesmas.

Plural  | Fluido desapego

Flávia Côrtes

Passado
Solo fértil
a ser reflorestado
Ervas daninhas 
arrancadas
do universo de dentro
abrindo espaço
para o vazio
semeadura
Promessas de árvores 
lançadas à terra
por passarinhos
Raízes a serem cuidadas
para alcançar o céu
Nada cresce por milagre
Sementes precisam 
de tempo-alimento
para transpor a casca
assim como casulos 
não se rompem do nada
Desprender-se
do envelhecido
amortalhado
Ganhar liberdade-adubo
do próprio amor-irrigação

Plural Seja gentil

Margarida Montejano

Num encanto de encontro,
um aceite prazeroso. Um beijo!
Uma gentileza que azeitou o meu tempero,
adoçou o meu café,
deu ponto,
no meu risoto de queijo.
Nota mil!

Puxou a minha cadeira,
abriu, para mim a porta,
mandou flores em dia comum!
Óh vida prazenteira
que me presenteia em campos floridos,
sem pedir retorno algum!

Grata, óh mãe natureza que, seja noite ou seja dia,
me ama com poesia e me adorna, com total gentileza!

Quem dera, óh tempo presente!
Que a vida seja gentil, com esse povo sofrido,
que clama por paz,
Amém!

Plural  | Poesia

Suzana Martins

Teu olhar insolente
aquece, marca e
rasga a minha derme.
Teus lábios sedutores
confunde, entrelaça e
atiça a minha sede.

Sem pudor, entrego-me!

Teu sorriso, deveras perverso,
suplica por um beijo tentador.
Sem reservas, nossos lábios se tocam.
Teu corpo, esta teia perigosa,
aquece as minhas vontades.

Entrego-me a ti!

Face a face.
Beijo a beijo.
Olhos nos olhos.
Desejos. Lascívia.
Sinto o teu toque e
teu calor incendiar
a nudez arrebatadora
da minha pele.

Entrego-me em chamas,
sem nenhum pudor.
Rendo-me ao prazer
vulcânico e sedutor
do teu querer.

Plural  | É preciso estar embriagado

Meu caro Poeta,

Parei em suas linhas ao arrumar as prateleiras no meio dessa tarde, quando seu livro se precipitou ao toque — oferecendo-se para leitura. É abril por aqui… e esse mês não lhe pertence. É de Eliot que o intitulou como ‘o mais cruel dos meses’… um precioso verso, não achas?

Eu não resisti ao teu ‘convite’…
Abandonei a arrumação e fui para a cozinha:
Preparar um café… aceitas?

…‘como o mendigo exibe a sua sordidez’ — toda vez que eu leio “les fleurs du mal” penso em tua Paris… mais humana, menos luz. As pessoas tinham tempo para acenar umas as outras. Era possível dialogar as poucas notícias do mundo. Apreciar os artistas de rua… se oferecer como modelo ao pintor desconhecido, apenas pelo prazer de se deixar ver-retratar e nada mais.

…‘fiéis ao pecado, a contrição nos amordaça’ — será que foi após a passagem do famoso-arquiteto-urbano por lá… que tudo mudou? Ou será que outros antes dele, agiram sem serem vistos?

Remendaram tua Paris… e a fizeram Luz.

Pouco humana — uma estranha, que eu conheci sem, contudo, reconhecer-te naquele mal elaborado traço, onde multidões de ninguém se orientam. Eu andei com o teu livro em mãos por várias ruas… museus, galerias e nada.

E vejo o mesmo acontecer na cidade em que vivo os meus dias contemporâneos. Seria uma inspiração tardia  ou seriam os tais homens a agir nas sombras?

Eu não lhe disse… mas estamos a bordo do século XXI e lhe confesso que é embaraçosa tal afirmação. Tudo por aqui se repete, como se a vida, o mundo andasse em círculos. A cidade luz de Haussmann sobreviveu com suas luzes… mas querem arrancar dela o seu bem mais precioso… a sua essência: a liberdade. Querem calar os pincéis. Quebrar os grafites. Rasgar cartazes. Mutilar telas-pessoas.

… ‘a tolice, o pecado, o logro, a mesquinhez’ — proibir voltou a ser Palavra de Ordem. Tudo orquestrado por Senhores que erguem a voz para defender a tal: ‘família tradicional’… aquela que zela pela moral, bons costumes e que censurou a sua poesia. Os exemplares foram todos recolhidos. E você foi apontado e condenado por ofender a moral pública. Um subversivo.

…‘em meio às hienas, às serpentes, aos chacais’ — e esses senhores, meu caro poeta… estão a vencer. Uma nova forma de censura já se faz notar. Voltaire não tem mais espaço entre nós. A filosofia do homem está fora de moda. Ainda é possível acreditar na estabilidade das essências e na desordem da história, mas não do mesmo modo que Voltaire.

Desapareceu o teatro da perseguição, meu caro. Mas não a perseguição em si. O auto da fé virou instrumento nas mãos de uns e outros; discretamente ignorado pelos homens de sempre.

Fala-se no povo e eu recordo os romanos.

Uma passagem bíblica que condena um inocente e liberta o culpado. Repete-se até as falsas profecias, meu caro.

Outro dia, em uma conversa, a pessoa com quem tentava dialogar, defendeu-se… usando o discurso conhecido de ser a favor da educação.

Uma pessoa branca, num mundo solúvel a defender a educação do povo.
Respirei fundo e pensei em Voltaire.
Onde estão seus inimigos, agora?

Eu espio pessoas do alto de seus discursos inflamados, tão certos e definitivos… e não digo palavra. E sei que não sou a única a sentir cansaço. Essa gente só quer dialogar com iguais, tão acostumadas as mesmas falas — repetidas incansavelmente — que estão.

É mais agradável quanto concordam
com a gente ou dizem o que vai
em nossa mente, alegam.

Eu prefiro ouvir um discurso contrário ao meu, mas banhado em lucidez. Como uma conversa bêbada é boa de se ouvir… Por isso, você preferia as horas no gargalo.

Como não desfruto do mesmo gosto, opto por sorrir e acenar… Sair de cena, fazer silêncio — como recomenda uma poeta contemporânea ou como faziam as moças vitorianas.

Imagino sua gargalhada!

Mas é cansativo existir nesse tempo, lhe asseguro… embora — insistente —, ainda percorra os arredores de todos os corpos-mambembes, convertidos em marionetes a marchar rumo a esquerda-direita.

Sinto falta da ironia de Voltaire, meu caro e do seu vasto material linguístico. Combinação perfeita entre tempos e espaços. Você foi moderno e contestou a burguesia e suas coisas de ontem. Acabou censurado por esse agente que infecta a sua Paris com prédios charmosos e passadouros banhados de sol. Tudo muito elegante, sem a presença de pessoas de verdade. Essas têm horas marcadas para chegar e sair. Que triste ver o seu flâneur limitado ao estrangeiro e não mais aos parisienses, decapitados.

Tanto faz… mais café?
…‘é o diabo que nos move e até nos manuseia!’.

Lunna Guedes

Nasci em Gênova, no ano de 1981… o mês era novembro e vim ao mundo sob a regência de sagitário, numa casa com três números, cuja soma sempre me intrigou. Aprendi a ler e a escrever na mesa da cozinha. Fui para a escola aos seis anos e não me saí muito bem. Mas fui até o fim e conclui todos os estudos… atualmente escrevo e bebo café, não necessariamente nessa ordem…

Plural  | Meu lugar no mundo

Bambina,

Enquanto te respondo ouço I’am not the Only one, na voz de um cantor coreano e revisito meu passado. Lua de papel fez-faz isso comigo e agora os três livros que compõem a história me observam no canto da mesa — ou eu a eles — e penso na sua missiva e nos personagens que você cita nela. Você sabe do meu carinho por Alexandra e como sua personagem me tocou. Não sei se foi empatia ou por que em algum momento me comparei com ela.

Eu fui Alex. Embora soubesse exatamente o que estava sentindo e encarasse isso de forma natural — até certo ponto — me vi envolvida por uma Raíssa.

Ana era esse trovão azul que você sentiu em Raíssa e era imensa, cobria qualquer lugar que estivesse com sua presença. Ana era real e era de Marte e eu? Ah, eu era a menina careta criada na roça, com tantas coisas embutidas dentro de mim, criada nos preceitos da igreja católica. Só por isso você pode imaginar que tudo fora dos “padrões” convencionais era considerado pecado por minha família.

A palavra pecado era pronunciada tantas vezes em casa que até alguns pensamentos me levava a rezar as 10 ave-marias — que o padre que visitava a fazenda duas vezes por mês nos impunha — antes mesmo de confessá-los e até isso, era considerado pecado.

Sempre relutei com os rótulos que designa a opção sexual de alguém. Lembro-me de que algumas vezes, por estar sempre de macacão era chamada de ‘sapatão’ pelos colegas de escola, já no ensino médio. Na época, nem entendia direito a palavra. Eu havia chegado recentemente da roça, criada distante de um grande centro e não sabia grandes coisas sobre o que acontecia fora das cercas da fazenda do meu pai. Mas sempre achei que o amor não precisava de rótulos ou jargões. Nem de sexo determinado… Mas, não ousava falar.

Talvez, por isso, fui compreensiva com Alex, no início. Eu era igual. Podada, medrosa e sem coragem. Talvez usasse a educação de uma família tradicional goiana para justificar o medo quando me vi encantada com Ana.

Mas, de repente, minha voz ganhou coragem e foi como se pulasse de um trapézio e dissesse: que se dane o mundo e os convencionais. Antes disso, havia engravidado do “primeiro namorado” na cidade grande e ele não reconheceu o filho, que morreu ao nascer. Me transformei em tantos personagens dos livros que lia que me perdia nos sentimentos.

E foi aí que o universo me ligou à Ana. Tanto para mim, quanto para ela era a primeira vez desse amor feminino que nos unia. Ela era mais corajosa do que eu e usávamos a poesia para nos fortalecer. Mas, ainda assim, ela era demais para mim. Eu só me sentia segura dentro de quatro paredes e me refugiava no medo de que minha família descobrisse o que eu era. Mas, o que eu era? A filha que ficou responsável pelos irmãos mais novos depois que a mãe morreu e que as irmãs mais velhas colocaram para fora de casa quando descobriram que eu amava outra mulher citando que eu estragaria meu futuro?

A mulher que sabia o que queria, sem perder a responsabilidade que me foi exposta tão cedo?

Para elas, eu era a rebeldia da adolescência em pessoa e para mim, eu era a liberdade que pensava em apenas amar. Sem rótulos ou culpa. Queria ser apenas a mulher que amava. Não a bissexual, a sapatona ou outras linguagens de gêneros que surgiram depois, porque para mim, não era o gênero que me importava. Mas o que eu estava sentindo.

Embora já tivesse tido namoros com rapazes e tivesse até engravidado de um, naquele momento, o amor me movia em outra direção. Ana. De Marte.

Hoje, parece uma história de ficção e Ana era tanto que o nosso lugar ficou pequeno e ela ganhou asas. Viajou para o exterior e eu fiquei só.

O envolver com outra mulher foi considerado por minha família como coisa de adolescente. Ana era a ‘culpada’ por se aproveitar de mim e mesmo assumindo tudo fui ignorada. Acho que sou até hoje.

Então, quando li Alex nas suas palavras eu quis abraçá-la. Até certo ponto eu a entedia… Não é fácil quebrar algumas barreiras. É preciso coragem e talvez, Alex não tenha conhecido alguém para ser exemplo.

Mas, quando Anne na sequência da sua história, vi ali meu reflexo mais puro… eu respirei várias vezes ao ler sobre Anne. Não havia como não me ligar a ela. A Alex era “meu passado” rabiscado em gestos tímidos e palavras secretas. Visão de uma cidade grande que não me cabia, mesmo em alguns momentos me sentindo tão pequena, sem encaixe no mundo.

Anne, possuindo o olho das certezas era eu descobrindo que podia falar abertamente para o homem ao meu lado e que eu escolhi para ser meu companheiro e ele entendia e era cúmplice da história que se desenhava para mim, ouvi dele que eu não precisava de definição nem de desculpas para viver o que queria.

Talvez, faltou apenas à Anne — diferente de mim — o marido que a escutasse e aprendesse a dividir os sentimentos. Ele me fez grande e maior do que a cidade e seu povo que estranhava tudo. Ele segurou minha mão e me seguiu quando Ana voltou.

Em muitos momentos, também me senti como Anne minguando, daí veio um sol que brilha quando a lua em seu estado minguante ainda se prepara para se esconder e comecei a ser dona de mim. Me reinventei e vivi o meu amor de livro. Um amor que conto em Colcha de Retalhos. Sem rótulos, sem pressão, sem denominação. Apenas amor.

Quando você cita sobre os elementos que as unia eu percebo que é o mesmo elemento que me ligou a elas e à minha história.

Acho que há muitas Alexandras, Raissas e Annes por aí. Muitas, escondidas, como eu fui por um tempo. E acho que a ficção me colocou dentro do universo pleno de ser quem eu sou sem meias medidas. Acho também que me fiz pertencer no mundo sem magoar ninguém.

Hoje, Ana se foi e sou grata a ela por tudo que vivi. Ainda vivo inquieta dentro das palavras dela e agora sei a qual universo eu pertenço...

O meu…

Mariana Gouveia

É autora do romance Colha de Retalhos

Plural | De olhos bem abertos

A você, que me lê…

O tempo está seco: poeira e folhas se espalham pelas ruas da cidade. Típico mês de agosto. Como é prazeroso ver as árvores trocando suas “roupa-gens”. Parece ritual de preparo para as floradas de setembro. Aprecio demais ver essas mudanças na natureza. Penso na transitoriedade e na urgência do aprendizado das pequenas alegrias do cotidiano.

Estou organizando minha biblioteca pessoal — coisa que raramente faço. Isso depõe contra a minha profissão. Mas um pouco de caos nas estantes colocam diferentes autores para um diálogo por vezes insano e divertido. Atrevidamente, selecionei três livros para lhe sugerir a leitura. Mas a indecisão me consome: qual personagem irá gostar? Uma mulher com insônia e que a noite vive outra vida? Uma idosa que desbrava o mundo ou um matador de aluguel?

Depois de muito pensar, decidi por algo que me atravessa fortemente. Falar sobre mulheres, seus desafios e conquistas, assunto que não se esgota nos livros, mas transborda em nossas vidas diariamente. Sono e silêncio, despertar e desejos de uma mulher que está dezessete dias sem dormir são motes para este conto do Haruki Murakami. Uma metáfora sobre mulheres esmagadas pela rotina e o embotamento dos desejos, mas que um dia acordam e vivem suas vidas de outras maneiras. 

A personagem é uma mulher comum, sem nome.

Poderia ser qualquer uma de nós. Dona de casa e mãe, vive para a casa, filho e marido, repete diariamente a mesma rotina, sem refletir sobre sua vida, projetos e sonhos.

Neste ponto, sofri muito com a descrição e a repetição das rotinas da personagem. Com a falta de tempo para si. Sua dificuldade de pertencimento e o embotamento dos desejos. O absurdo da rotina bate na nossa cara com força e traz a percepção do quanto subtrai alegrias e desejos em nossas vidas, nos alienando dos problemas, onde tudo parece caminhar bem, se repetimos continuamente.

Com o passar dos dias e sem dormir, a mulher se percebe disposta fisicamente, viva e com energia. Manter-se acordada lhe traz possibilidades. As madrugadas são suas. Ela começa a viver uma vida dupla. Pela manhã repete a rotina e nas madrugadas inicia uma jornada de autoconhecimento. Reflete sobre sua vida, o casamento, o filho, coisas que ficaram pelo caminho e lhe traziam alegrias. Começa a se olhar e a repensar suas escolhas “não pode mais ficar com os olhos fechados para a sua vida — acordou para o seu mundo”.

Ela retoma a leitura de Anna Karenina. Percebe-se mulher diante do espelho. Volta a comer chocolate. Delicia-se em uma banheira. Bebe conhaque. Faz longos passeios noturnos de carro e tudo isso com muita paixão e enorme entusiasmo. Ela libertou-se da necessidade do sono.

Gostaria muito de lhe contar o desfecho, mas de pouco adianta. Murakami é previsível em vários aspectos. Você terá de refletir muito sobre os elementos simbólicos contidos neste livro. Desde a escolha do livro Anna Karenina, as ilustrações impactantes da artista alemã Kat Menschik. Creio que, no fim, terá mais perguntas do que respostas.

Não sei se já lhe disse, mas eu tenho por hábito, manter na minha estante apenas livros que me tocam, e este é um deles: edição belíssima, capa dura, impressão em papel grosso envernizado, tinta especial e as maravilhosas ilustrações.

Nirlei Maria Oliveira
Livro: Murakami, Haruki. Sono. Rio de Janeiro:
Cartas para abril

Nirlei Maria Oliveira

é Poeta e Bibliotecária com mestrado em Ciência da Informação, nasceu em  Formiga MG, e reside em Campinas, SP. Trabalha no IFSP, Campus de Hortolândia. Atua com ações e projetos de estímulo à leitura. Organizadora da coletânea Quarentena Poética (2020). 

É autora do livro de poesias Palavr(Ar)

Plural  | Sobre as aves noturnas

Evan,

Ficamos de conversar sobre Nighthawks, de Hopper… depois que me passou a sua impressão — o quanto você prefere senti-la, sem explicá-la.

Foi o que aconteceu comigo — uma fluição-fruição de sensações, apesar da artificialidade das paisagens e das poucas personagens. Há quadros em que há menos ainda, muitas vezes apenas uma, outras, nenhuma, que não suspeitam que estejam sendo observados, para o nosso prazer de voyaers.

Depois de sentir-me inebriado por olhar as telas de Hopper sem fazer elocubrações, comecei a especular sobre as figuras humanas que se interpõem nas miragens urbanas, rurais e marinhas. Comecei a criar histórias inspiradas pelos enredos aparentemente estanques.

A paralisia de feições e o que até o que poderia estar em movimento. É como se cessassem e dormissem na eternidade por obra de feitiçaria digna de conto de fadas. Não fosse o realismo explícito de seres autômatos por efeito das circunstâncias condicionantes pelo Sistema.

Em Nighthaws, estão recolhidas à gaiola iluminada. Pássaros empoleirados-solitários, no mesmo espaço, alcançados pelos olhares (que não se cruzam) uns dos outros. O entorno vazio de gentes, veículos e sensações, inspira um sentimento de isolamento do mundo que acabara pouco tempo antes. Alienígenas atacaram o Porto Pérola e todos sentiam que a guerra os havia alcançado, finalmente.

Os que estavam presentes, viviam os últimos instantes do mundo antigo. Não mais se consumiriam em suas rotinas. E a proporção numérica das personagens num local como aquele mudaria de quadro e passaria ser o inverso. E o único homem em cena seria um velho — d’alma. Capaz que desse as costas para o exterior por viver intensamente os dissabores de caminhar noites adentro em busca de sentido.

O casal eu imagino se sentir aliviado por não precisar inventar desculpas para se separar. Eventualmente os seus corpos terão as últimas noites de sexo juntos — mecanicamente. O homem alegará que se alistará e se for convocado, fugirá como o diabo da cruz. Passou um tempo na prisão, não permitirá que isso voltasse a acontecer. Conheceu outra dançarina no mesmo lugar onde em que conhecera a sua companheira. Não cometeria o mesmo erro de retirá-la da função. A sua nova aquisição continuará a trabalhar e lhe propiciará o bem-estar que merece. E a nova talvez até gostasse de apanhar como gosta de bater.

A mulher estava cansada de levar bordoadas. No começo, achava que fosse por ciúme. Gostava da emoção de estar ao lado de alguém “perigoso”. A cada caso que se envolvia percebia que eram homens como o seu pai, que igualmente batia na mãe em dias alternados, como se quisesse pegá-la desprevenida. Quando tudo parecia estar bem, o homem que foi seu primeiro, inventava uma desculpa para atacá-la. Quando a deflorou, passou a se sentir como se fosse mais uma amante de seu pai. Até que certo dia, uma faca de cozinha resolveu a situação. A sua mãe assumiu a culpa. Saber que a menina fora invadida por aquele monstro só não era pior porque ela não era sua filha de sangue.

Hopper colocou personagens marginais no centro da “ação”, numa cidade que é outra personagem, com aquela impressionante luz fantasmagórica que, para mim, era a sua marca registrada. Seu olhar de fotógrafo criou um realismo ambíguo que me seduziu. Eu o conheci pela Internet.

Ou, mais certamente, presenciara a sua visão de mundo em filmes, como Blade Runner ou nos filmes noirs que fizeram mais ricas as minhas noites de pássaro noturno preso a mim. As paisagens inóspitas para alguns, surgiam como amigáveis. Lembra como você achou estranho que ficasse horas preso numa mesma tela? Sorrio quando, por ter feito justamente o contrário, chamei a atenção de uma pessoa que mudou a minha vida. Como assim folhear tão displicentemente um livro com a produção de Edward Hopper?

Ela não sabia que o compêndio, emprestado por ela para a anfitriã que nos recebia naquele dia, já havia sido degustado por mim enquanto os outros convidados conversavam amenidades. Depois de tirar fotos da República que se abria à janela e das pessoas do estúdio, o magnífico álbum me chamou para conversarmos à parte. Não sei quanto tempo, mas talvez por uma hora mergulhei em viveres que se tornaram urgentes, enquanto os meus ouvidos se fecharam para o outro mundo. Até que à porta bateu a “dona” daquelas páginas que, mais adiante, publicaria novas páginas em minha vida. Mas essa história você já sabe.

Acho que nada ocorre por acaso, como não foi por acaso que Hopper tenha aportado em minha retina num novo século e reorientando a minha vida. Oitenta anos após de ter sido finalizado, continua a viver em mim, como viverá sem fim as suas personagens — materiais e fluídas — como também para vários outros seres abduzidos por sua realidade em descores.

Obdulio Nuñes Ortega

é autor de Curso de Rio, Caminho do mar