Navego nesse corpo
De feridas, cicatrizes
E de espaços entre as feridas
E porque navego
Faço outras fendas
Vou abrindo outros caminhos
Onde o afeto nunca esteve.
Eu ouvi seu áudio
Por diversas vezes
E a sua voz sem as palavras
E as palavras sem a sua voz
E o áudio sem você
E ouvi você sem mim
E eu sem a nossa história
Por fim, ouvi a nossa história
Sem a sua voz
Quando todas as janelas
levam meus olhos ao jardim da casa,
como se por arte das armadilhas
uma vida submarina
acontecesse à imagem e semelhança
daqueles nossos dias,
risco essas palavras.
poema inspirado em títulos
de livros de Ana Martins Marques
chamaram de azul
o afeto triste
eu chamei de amor
essa capacidade de compreender
o que entrega cada uma das nuvens
e a honestidade de um mar
pintado em aquarela
Sua voz tem barulho de chuva
mesmo quando declama
o sorriso do sol.
É que para ela
são inesquecíveis
os encontros
entre os pingos e a pele.
Lígia Carvalho Libâneo… é goianiese, psicóloga e poeta. Na UnB, fez graduação, mestrado, doutorado e atua como psicóloga escolar. Seu primeiro livro de poesias se chama Acontessências (Editora AVÁ, 2021).
As fagulhas iniciais de seu livro estão na página do instagram @euuconto, lugar onde compartilha seu diário do olhar. São os encontros o motivo da sua escrita.
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