Isabel Rupaud

Ao mesmo tempo ousada e prudente, acha que o mundo é divertido e os obstáculos e dificuldades constituem desafios. O pé que tem na França, onde morou por quatro anos, inicialmente como estudante de Linguística e depois casada, tem muito peso em sua personalidade.

R$ 34,

O Mercado editorial não pensa leitores, pensa prateleiras cheias…

Por Lunna Guedes

Em conversa agitada na tarde de ontem — com uma pessoa que aparenta ter raízes bem fincadas no tal capitalismo, em que o principal objetivo é o consumismo —, argumentei, sem sucesso algum, sobre minhas estratégias para o meu projeto-proposta “Scenarium”…

Não é novidade alguma que há cada vez mais pessoas interessadas em publicar livros. Nem mesmo há editoras suficientes para tantas publicações. Mas, inventa-se uma aqui, outra ali e pronto… realiza-se o objetivo: plantar uma árvore, ter um filho e escrever-publicar um livro.

O que se vê — e com alguma frequência — são leitores insatisfeitos, porque os livros são pensados para as prateleiras e não para agradar quem gosta de ler. Mas… Há exceções! Algumas Editoras pensam no leitor, oferecendo livros diferenciados. O resultado final, no entanto, acaba por pesar no bolso do público.

Você se lembra da Cosac Naif e seus belos livros? Eu ainda tenho alguns exemplares em minhas prateleiras. O acervo incluía livros de Tchekhov, Beckett, Boal, Lima Barreto e os livros lançados eram verdadeiras esculturas de papel.

Quando anunciou o fim da Editora — em 30 de novembro de 2015 —, Charles Cosac mostrava ao mundo literário, que o modelo editorial mais tradicional, baseado em uma cadeia perversa de relacionamentos entre livrarias, editoras e autores estava fadado ao fim.

As casa editoriais preferiram fingir não enxergar o óbvio… encomendaram uma nova pesquisa de opinião publica, providenciaram alguns artigos mal redigidos e trouxeram de volta o velho discurso — muito repetido na Itália também —, de que se lê pouco em terras tupiniquins.

Basta espiar as prateleiras das principais livrarias da cidade — as que sobreviveram a tormenta chamada Livraria Cultura —, para perceber o problema. Se um livro sobre vampiros vendia… providenciava-se a toque de caixa… centenas de exemplares, com a mesma temática. Lembra-se do alvoroço ao redor de cinquenta tons de cinza? — que inundou as prateleiras com sapatos, algemas e máscaras… com um sem-fim de histórias — falsamente — eróticas, que fizeram “corar” pessoas, que juraram não ler tais livros, com medo do julgamento impiedoso alheio….

A decadência do setor não tem relação alguma com a falta de leitores — que existem, aos milhares. O problema está no modelo que criou Editores menos exigentes e presos a um formato. Pouco se investe em novos autores. A preferência é sempre pelos mesmos nomes e além do desprezo pelo autor nacional, acostumou-se a fabricar exemplares de acordo com o momento… como se o livro fosse um peixe vendido numa banca e embrulhado no jornal de ontem, para o cliente de sempre, que já tem em mente o cardápio do dia.

Eu me lembro que estava em Berlim para uma semana literária — era a minha primeira participação com meia dúzia de livros por mim editados —, quando me vi no meio de uma acalorada discussão. Falava-se em um novo Norte para os livros… onde o best-seller não teria espaço, a preferência seria por pequenas tiragens e novos e bons escritores — que existem, tanto quando leitores. Momento perfeito para os pequenos-ousados e promissores livreiros — Matthes & Seitz, Kookbooks ou Secession —, que se estabeleceram na velha Capital Alemã e começavam a repensar o cenário literário.

Eu gostei de tudo que vi e ouvi… ao contrário da pessoa com quem conversei durante um bom par de horas, ontem. Ela não se convenceu a respeito da minha estratégia para a Scenarium… por acreditar que um Autor não pode e não deve se contentar com 30, 60… quiçá 90 exemplares-leitores.

E o que mais a incomodou é justamente o que mais me agrada. Sinto imenso prazer em dizer — em voz alta — ao autor-leitor: esgotou a edição. Nesses sete anos de Scenarium… foram poucos os autores que ouviram tal coisa de mim.

Quem me conhece sabe que eu sou exigente com o conteúdo que publico. Quando uma edição esgota no lançamento ou dias depois — sinto aquela sensação confortável de dever-cumprido. É passageiro! — no instante seguinte arquitetamos uma nova edição…

Eu lembrei a humana-criatura, que muitos autores que pagam por suas publicações acabam com caixas de livros amontoadas no fundo do armário, debaixo da cama, num canto do quarto sem conseguirem o tão sonhado espaço nas prateleiras das principais livrarias da cidade. Nesse caso, resta ao autor inventar-se enquanto vendedor e ter a sua própria barraca de peixes…

As redes sociais cumprem bem esse papel atualmente. Mas, são poucos os que conseguem traçar uma boa estratégia e ter sucesso. Há exemplos no instagram. Rupi Kaur ficou na lista dos mais vendidos do Times por 40 semanas, com um livro de poesias. E, pensar que, nas rodas literárias tupiniquins, o bordão que mais se repete é: poesia não vende. Aqui, no Brasil, temos Aline Bei, que fez um belo trabalho com o seu livro o peso do pássaro morto… produzido e publicado de maneira independente e, que hoje, faz parte do catálogo da Companhia das Letras… e há exemplos na Scenarium de pessoas que gritam para o mundo que tem um livro e trabalham por ele.

Caminhos há… e cada um escolhe a melhor maneira de percorrê-los. A minha bússola sempre aponta para o Norte. Certamente haverá leitores que irão gritar: prateleira à vista. Enquanto outros, irão dizer que o futuro pertence ao livro por demanda e ao digital.

O importante é saber o seu lugar no mar e navegar..

Regras de um bom Editor…

Por Lunna Guedes

Terminei a terceira leitura do livro de memórias de Bennett Cerf… fundador da Random House e, Editor de James Joyce, Truman Capote… entre outros tantos-muitos nomes da literatura, em língua inglesa. Ainda não estou satisfeita e outras leituras serão feitas.

Cerf — deu sorte, rá — ao viver uma época especialmente rica em talentos. Mas, enfrentou um dos piores momentos da história…  o famoso crash de 1929. Trabalhou feito um louco… acumulou vivências e um bom quinhão de histórias — algumas divertidas, outras nem tanto — para serem contadas nas muitas páginas de um livro de memórias.

O Editor Cerf tinha os seus sagrados mandamentos — como a maioria dos editores, deve ter — e, segundo consta, os matinha anotados, na primeira página de seu diário-pessoal, que ficava posicionado estrategicamente, em sua mesa de trabalho. De tal maneira, seria sempre o primeiro e o último item do dia… onde pousar os olhos:

1. Ter boa memória e alguma imaginação
2. Ter um vasto leque de interesses
3. Usar de considerável diplomacia
4. Perceber que a paciência é uma qualidade indispensável
5. Ter sorte.

Check.

Cartas à Gilka

Gilka Machado

biografia

Mariana Gouveia

Carta à Gilka Machado

Obdulio Nuñes Ortega

A Poeta que amava o amor

Lua Souza

A autora que vos fala é uma filha de Letras. Gosta do som dançante do encontro entre vogais e consoantes, gosta dos radicais. Gosta de uma cartaze, é a própria epifania materializada. Gosta das formas e imagens. Gosta de tomar um porre- de palavras.
Também gosta de  observar as pessoas nos trens, parques e escrever sobre elas. Gosta do jeito que a cidade olha para ela.
Gosta de sorrisos, aqueles com todos os dentes. Gosta de pequenas coisinhas que a salvam do caos: música é uma delas. Gosta de bandas de rock e poetas modernistas, gosta das referências, gosta que as coisas façam sentindo no mundo dela- da Lua. Gosta do nome Clarice, gosta da Maria Ribeiro e da Viviane Mosé.
Gosta de ser metódica, quase demodê. Gosta do barulho de máquina de escrever. Gosta de rimar.
Gosta da palavra gostar.

ESTRATOSFÉRICA… vai te gerar uma identificação inimaginável, fazer você flutuar com a leveza das poesias, te dando a visão do céu estrelado da Lua, essa escritora ímpar que transforma momentos cotidianos em poemas leves, críticos, intimistas e com uma pitada de bom-humor.

Essa arte é uma imersão no mundo dela, no meu mundo, e no seu!
Jéssica Oliveira (Pow)

R$ 30,00

Resultado | Andarilhas

E essa foi uma seleção especial porque contou com a participação da queridíssima Anna Clara de Vitto com quem converso insanidades tão nossas que se escorressem para fora das caixinhas modernosas, seria fácil questionar a nossa sanidade (?).

Sei que ficaram curiosos! rá

Mas foi numa dessas conversas que surgiu o meu comentário. Eu queria realizar um novo coletivo, mas não queria seguir os moldes existentes com convocatórias comuns e despretensiosas. Queria algo que combinasse comigo e a Scenarium e ela disse: porque não propõe um desafio? E surgiu o primeiro e o resultado foi incrível. E veio o segundo e eu a quis comigo, a navegar e ela aceitou.

E a primeira etapa do desafio se cumpriu.
A próxima será no dia do lançamento, em 27 de agosto quando a Scenarium completará seus anos. Vida longa e próspera a todos nós!

Awen…

Selecionados

  1. Chris Ritchie
  2. Flávia Côrtes
  3. Lua Souza
  4. Mariana Gouveia
  5. Manoel Gonçalves
  6. Nanda Chinaglia
  7. Nirlei Maria Oliveira
  8. Obdulio Nuñes Ortega
  9. Rozana Gastaldi

Bel Jaccoud

Bel Jaccoud é mulher, mãe solo de Bento, cantora, poeta e artista do corpo suzanense do extremo leste de São Paulo, recita e partilha suas escritas nos saraus e encontros, suas poesias evocam as mulheres, as liberdades, as cores da bandeira LGBTQIA+, da qual ela também abriga, são sobre resistência, amor e outras prosas.

Lava é um caderno de poesias alinhavado com fita de cetim que é sobre brasa e sobre marés!

Com vocês, Lava

R$ 31,00

Dedicatória…

Por Lunna Guedes

“À memória de ‘Erneste Becker’(…)”

Ao preparar um livro para a impressão, depois de realizado todo o processo de edição-revisão, e uma vez aprovado por todos os envolvidos no projeto-livro… é necessário — ao paginar — reservar espaços para o Autor, que geralmente… quer dedicar o seu feito à alguém. Não são todos que o fazem… mas há dedicatórias curiosas, que contrariam a monotonia e fogem do script habitual de obrigação de dizer que o livro foi feito para a mãe-pai-amigo-irmão-esposa-filhos…

Hilda Hilst escreveu, imediatamente na primeira página do seu livro de poesias a frase solta… sem Norte-Sul-peso (acima mencionada). Já tinha lido o livro algumas vezes, quando me deparei com a dedicatória deixada ali… porque não sou o tipo de leitora que se ocupa do destino dado a um livro, pelo seu autor.

Dedicatória é pessoal e, na maioria das vezes, é monótona e não sabemos quem é a alma, que de alguma maneira, participou — ou não — do livro…

Mas, ao dar pela dedicatória… fiquei intrigada. De imediato tentei imaginar o que teria levado Hilda Hilst a dedicar o livro “à memória” de alguém. Um sem-fim de possibilidades se estabeleceram em minha mente, uma vez que Hilda é uma figura intempestiva em meu imaginário.

Gostei do som da palavra dentro da frase… e da frase como um todo. Mas, eu sei quem é Erneste Becker. Conheço alguns de seus feitos — o homem que determinou a “ciência do mal” e que gritou que “a morte é a verdadeira fonte da fragilidade do homem”. Se eu nada soubesse acerca dessa figura humana, além de um simples nome deixado ali… feito uma sombra que surge para seu conforto no meio de uma rua, em uma tarde de sol quente, em pleno verão? Seria diferente?

O fato é que ao paginar um livro, pergunto ao autor: irás inserir uma dedicatória? E já ouvi respostas bem interessantes… A melhor até agora foi a de um Autor que me olhou espantado, com os olhos enormes e depois de alguns segundos quieto, quase sem respirar… disparou: “eu devo? Mas, a quem?”… e eu quis escrever exatamente isso na página solta, mas apenas sorri como sempre faço nessas horas e algumas horas depois veio a dedicatória-comum-monótona e fim… cumpriu-se o script de sempre.

A quem você dedicaria um livro seu?