“Queremos ser os poetas de nossa própria vida,
e, primeiro nas menores coisas.”
Nietzsche



A Revista Plural surgiu muito antes da Scenarium. Outra proposta-idéia. O ano era 2012 e eu flertava com a idéia de publicação alternativa… por me sentir atraída por cadernos de apontamentos —, onde as páginas funcionam como uma espécie de depoimento do artista, que narra os seus processos de criação e converte em mapa, toda a coleta das informações visuais, a materialização e a transformação do pensamento em poesia.
A idéia de uma Fanzine literária surgiu durante uma conversa, na Livraria da Vila. Olhava as prateleiras cheias de livros. Pequenas ilhas com seus possíveis best sellers — livros indicados por jornalistas (especializados no gênero). Em contraponto a isso, a minha mesa, com pilhas de livros, as conhecidas marcações e as observações sobre autores-livros — a maioria deles não frequentava as listas dos mais lidos das principais revistas e jornais do país. Eu nunca fui leitora de listas.
A vantagem de ser conhecida numa livraria é que se sabe — através dos vendedores especializados — algumas livrarias ainda têm esse espécime cada vez mais raro —, o que é livro para ler e o que é apenas livro para vender.
Foi assim — através da figura curiosa do vendedor de livros — que eu soube exatamente o que eu não pretendia: “espaço naquelas prateleiras”.
Eterna frequentadora de espaços alternativos e saraus produzidos por amigos ou por mim — eu queria ir na contramão… like always. Fluir de mão em mão…
Achei que a proposta Plural seria um excelente experimento para as minhas pretensões e comecei a tramar cuidadosamente esse cenário-anterior. Produzir a primeira versão da Revista Plural foi fácil. Reuni uma dúzia de escritores-amigos… a maioria era como eu. Desbravadores de novas ferramentas e estávamos no auge dos blogues — a ferramenta literária do momento.
Com uma diagramação bastante rústica — toda feita no Word, impressa numa lexmark e cópias feitas numa copiadora que aceitou reproduzir sem custos os duzentos exemplares distribuídos por Sampa… e alguns enviados pelos correios para diversos lugares do país.
Foram quatro edições produzidas ao longo daquele ano. Falávamos de tudo… provocamos incêndios e atiçamos labaredas. Chacoalhamos galhos depois da chuva. Pisamos poças no meio da rua. Chafurdamos na lama…
Nos bastidores daquelas folhas de papéis grampeadas… a gente se divertia com os resultados.
Desde então — ano após ano — essa idéia-proposta se renovava, se reinventava… se construía e descontruía e foi assim ao longo de 07 deliciosos anos. Arquitetamos a cada nova edição… um coletivo de experimentações.


